Sou constantemente criticada por tratar melhor os animais do que trato as pessoas.
Mas a realidade é que se formos a ver eles merecem esse tratamento.
O meu cão, primeiro cão que tive na vida, um grande amor e o meu maior amigo, morreu há quase 2 anos. Adoeceu gravemente e em menos de uma semana perdi-o. Morreu com 11 anos e meio. Tive que o mandar abater. Começou com paragem renal crónica, não se alimentava, deixou de andar, começou a vomitar sangue e só sobrevivia por amor. Amor a mim. Sei que não me queria deixar sozinha.
Na noite antes de ir com ele ao veterinário para tomar a pior decisão da minha vida, dormi agarrada a ele no chão a chorar, a "rezar" para que ele morresse durante o sono, para não ter que ser eu a matar o meu menino.
No dia seguinte estava lá com ele e fui eu a última pessoa que ele viu antes de fechar os olhos. Tinha que ser eu, tinha que estar até ao fim.
Como consegui? Pois não sei...
Ainda tive forças para agarrar nele e percorrer 10km de carro para ele ser cremado.
Depois na volta para o trabalho caiu-me o mundo aos pés...
A verdade é que sei que foi a partir desse momento que comecei com uma depressão, que sempre consegui camuflar. Não existe uma única pessoa neste mundo que se tivesse apercebido.
As minhas birras e amuos sempre foram consideradas consequências do meu mau feitio, mas isso nunca me incomodou. Quem gosta não critica, quem gosta está lá, mesmo quando pensamos que não precisamos.
Comecei-me a afastar do mundo e criei uma barreira.
Mudei de casa, e hoje ajudo vários animais de rua, alguns "caídos" do céu, outros por pena.
Apareceram-me 2 gatas no quintal que ficaram grávidas, já não as consegui esterilizar e fiquei encarregue de arranjar família para aquelas pestes todas (7 no total). Falta-me dar 1 gata.
Hoje, embora de folga, tive que me levantar muito cedo e no passeio matinal com o meu cão comecei a ouvir miar debaixo de um carro. Era um gato bebé, com cerca de 1 mês num estado deplorável. Caiu-me tudo ao chão, porque não tenho mais condições, nem financeiras, nem físicas, nem psicológicas para tratar de mais animais. Mas que fazer?
Não virei costas, peguei no bichinho e levei-o para casa. Estava carregado de pulgas e lêndias. Dei-lhe banho, fui ao vete e comprei desparazitante.
Depois de dormir uma tarde inteira, acordou e começou timidamente a brincar com os outros bebés. Ao fim do dia recebi a noticia que já tinha arranjado dono. Que tudo vai ficar bem.
Sei que a história já vai comprida, mas o que quero de tudo isto é demonstrar que mesmo nos nossos piores momentos, que quando pensamos que mais nada pode correr mal, poderá existir uma lufada de ar fresco, principalmente de onde não esperávamos.
Entrei por acaso na vida deste gatinho, podia ter saído de casa mais tarde, podia ter tomado outro caminho, podia não ter ido hoje fazer análises, mas foi tudo hoje. Tudo tem uma razão de ser.
A vida não é só isto, há muita coisa lá fora. O caminho a percorrer ainda é tão longo que não nos podemos concentrar apenas numa única tarefa e deixar tanta coisa por fazer.
Tudo o que sou, tudo o que tenho só o devo a uma pessoa. A mim.
Nós podemos sempre fazer a diferença, mas temos que fazer a diferença principalmente na nossa vida. Não é fácil, mas estou a chegar lá!
Chegarei lá!
Lady Antebellum - Need You Now
Há 15 anos
1 comentário:
Ai mulher... eu rezo para não encontrar animais abandonados. Rezo. Porque é das piores imagens que posso ver. Não consigo conceber na minha cabecinha que haja alguém que abandone um cão, um gato... um animal por qualquer motivo que seja. Eles não nos abandonam. Eles não pedem nada em troca, é incrível.
A última vez que me cruzei com um, porque felizmente em Viana não é o 'pão de cada dia' fiz das tripas coração para lhe encontrar um lar. E consegui, com a ajuda de amigas, conseguimos. Mas é sempre dolorosa a espera por respostas...
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